segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O (difícil) começo de tudo.


A decisão de vir pra Australia aconteceu meio que no impulso, durante uma conversa com uma amiga que também está morando aqui.
Eu estava em uma má fase, desmotivada com a minha profissão, querendo mudar de área mas ainda perdida sobre o que iria fazer, tinha terminado um relacionamento (com meu noivo que tbm veio pra cá) além de várias questões pessoais e o intercâmbio naquele momento parecia ser a solução de todos os meus problemas. Soava como "dar um tempo" na minha vida e começar outra, buscando algo que não sabia exatamente o que era, mas que fazia meu coração pulsar pelo simples fato de ser realmente novo, desconhecido, pela oportunidade de começar do zero de uma maneira diferente, fora da casinha digamos assim, era um desafio muito instigante pra quem estava com sede de viver novas experiências, no caso, eu!
Baseada nisso criei um mundo de expectativas pra essa viagem, afinal país novo vida nova, nova Danielle! Como se ao embarcar naquele avião todos meus conflitos internos fossem desaparecer, evaporar rs. Óbvio que não foi  bem assim que aconteceu, a propósito eu trouxe TUDO pra cá e constantemente minhas crises existenciais vinham me assombrar, a solidão em um certo momento  nos coloca cara a cara com nossos maiores medos, bloqueios e inseguranças, tudo vem a se exacerbar e quando se está literalmente só, do outro lado do mundo ou vc enfrenta ou desiste. Eu optei por enfrentar, pq não tinha  pra onde correr afinal a viagem era longa, eu já tinha chego até aqui, decidi que  não ia mais voltar!

Praticamente nada do que eu imaginei aconteceu, não morei com minha amiga como planejei morar, não ganhei uma fortuna de dinheiro como disseram que eu iria ganhar, minha intenção era mudar os hábitos alimentares (agora vai, vou melhorar...) mas a ansiedade e o desespero pra que eu conseguisse me estabilizar me deram 8kg a mais acompanhados por uma compulsão alimentar. Demorei dois meses pra conseguir meu primeiro trabalho fixo em um lugar bacana, nesse  intervalo de tempo fiz de tudo um pouco, no meu primeiro cleaning fiz um corte no braço que deixou uma bela cicatriz de lembrança, trabalhei em restaurante com um chefe grosseiro, preconceituoso e machista que além de tudo deu a maior dor de cabeça pra pagar o mísero salário que me devia, teve também buffet de festa quase tão longe quanto o Brasil, sem contar o monte de queimaduras na época de kitchen hand e por aí foi...Passei por muito aperto, mas não pensava em desistir, queria provar pra mim mesma acima de tudo que eu ia conseguir! Ser e me sentir independente era meu maior sonho, não ia abdicar dele tão rápido assim, por mais complicado que estivesse suportar todas as coisas pelas quais eu estava passando, somando a saudade da minha família e o medo de decepcioná-los.

Falando em família, eu ganhei uma, no meio dessa loucura e a melhor parte dos meus dias era voltar pro aconchego  da minha casa, quando estava pra vir, tinha em mente não morar com Brasileiro de jeito nenhum, pra treinar o inglês e etc, mas isso mudou completamente quando encontrei o MEU LAR. Nas vezes em que chegava em casa física e psicologicamente cansada e tinha com quem conversar, sem ter que me esforçar nem pensar sobre como ia falar, pessoas que entendiam de forma literal o que eu estava vivendo e sentindo, isso foi sem dúvida um baita alicerce pra mim (não que não possa acontecer morando com pessoas de outros países ok?!) Mas eu sei, que tive e tenho muita sorte por tê-los comigo!

Enfim, pra não escrever um livro, vou parando por aqui rs.
Muita coisa aconteceu e aos pouquinhos tudo foi se ajeitando, na verdade ainda está, no tempo e modo Divino e a minha crença constante nisso sempre foi meu maior estímulo de força e esperança, pq a gente sabe que toda mudança causa desconforto mas que vem pra agregar. E a dor é momentânea, como aquele sapato novo, lindo que nos causa bolhas, mas que a gente coloca pq se sente bem, pq ficou tão feliz em comprar e vai usando até laciar. Presumo que no final das contas, tudo nessa vida é uma questão de se adaptar!

O meu começo aqui não foi nem de longe como eu planejei, mas se não tivesse sido por todas as experiências que passei, eu não teria descoberto o quão grande, corajosa e MULHER eu poderia ser. (Se não é benção é lição, lembra?!) ♡

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